quinta-feira, 19 de junho de 2008

Adeus Maricota - por Diane

Data: Quarta-feira, 20 de Junho de 2007, 08:21h.

Hoje é um dia muito triste para mim, então resolvi escrever o que estou sentindo, não tenho dom para escrever como a Lourdes, Nem cantar como meu amigo Luis André ou como sensibilizar com as imagens como faz a Roberta, podem achar até piegas, mas eu precisava desabafar. E se alguém achar que ela merece algo melhor, esteja a vontade, encontrei meu jeito. Dona Maricota é o retrato do nosso povo: humilde, sobrevivia com a aposentadoria, pagava aluguel, dependia de outras pessoas para muitas coisas, inclusive do SUS. E o pior: amava animais e tinha vários!

Como é a vida de uma pessoa que além de pobre ama animais? Com certeza é pior, eu vejo quase todo dia no meu portão, Prdi as contas de quantos vem me pedir socorro para seus animais. Ela não pedia nada para ela, só para eles.

Eu a conheci no portão do CAPA implorando ajuda para que a entidade ou alguém ficasse com eles, quem sabe prevendo o que iria acontecer nesse último feriado: ela deu seu último suspiro. Dois dias antes seu gato preferido, o Pompom, começou a ficar muito mal, nem deu tempo de socorrê-lo, assim como ela... se foi!

Talvez para lhe fazer companhia, pois em vida ela optou pela companhia dos felinos e em todos os dias em que passou acamada perguntou por eles.Demorei para comover corações com seu drama, eu sozinha não poderia fazer nada. Finalmente deu-se inicio a uma campanha para "livrar" a Maricota dos gatos, duas vezes por semana eu ia até sua humilde casa, onde era recebida sempre com um abraço apertado e olhinhos cheios de lágrimas. Certa vez lhe levei um xale, mandado por minha mãe, ela se enrolou feliz, e mais que depressa agarrou um mimi para se aquecer com ela.

Ela sofreu um acidente, caiu dentro de um ônibus (nunca mais se recuperou), ela adorava passear! ela foi para o hospital e os gatos todos sozinhos, eram alimentados por mim, eles miavam desesperados em volta da casa, mas não de fome, de saudade! Alimentei, mediquei, amparei mãezinhas, sempre com apoio da turma (Raquel, Bete, Cris, Lourdes, Elisa, Rosa, Daniela).

Aos poucos levamos todos embora, ela nem pode se despedir. Eu me culpo e me arrependo muito por não ter ido vê-la, maldita correria de todos os dias! O presente que lhe comprei de dia das mães, não levei! As fotos dos bichanos, não levei! Então Maricota leva contigo meu carinho e admiração, você teve fé e confiança, e muitos apareceram na tua porta e socorrem quem você mais amava, leva contigo a certeza de que estão todos bem, e amados como você amou. E era isso que eu queria ter dito a ela, eis minha oração.

Obrigada ao pessoal da RBS TV, em especial a Roberta, ao jornal O Nacional, a Rosa do CAPA, ao grupo Amigo Bicho, que alimentou, hospedou e castrou os animais. Peço a todos que reflitam nesse momento, pensem em quantas "Maricotas" tem por aí, quem ficará com seus animais quando partirem? Um centro de zoonoses, um biotério, ou um albergue de verdade? onde nós protetores poderemos ser voluntários e não escravos). Acho que está na hora de nos unirmos com o firme próposito de pressionar o poder público, para que hajam mudanças nas políticas
públicas ( projetos de castração em massa por exemplo) devemos trabalhar pelo fortalecimento de entidades de proteção, o sentimento que nos move é o mesmo, podemos sim, direcioná-lo de maneira eficaz. Pensem!

Um grande abraço a todos!!

Diane.

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